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As quatro escalas de Brasília

“É assim que, sendo monumental, é também cômoda, eficiente e íntima. É ao mesmo tempo derramada e concisa, bucólica e urbana, lírica e funcional… Brasília, capital aérea e rodoviária; cidade-parque. Sonho arqui-secular do Patriarca.” Lucio Costa, Relatório do Plano Piloto de Brasília

Brasília – Torre de TV – projeto de Lucio Costa. foto beatriz brasil, 2007.

“Se formos buscar nos dicionários o termo ‘escala’, acharemos as mais diferentes definições: hierarquia, régua numerada, tempo que dura em parada um navio ou um avião etc.

É claro que nenhuma dessas possíveis significações da palavra indica o que o Mestre Lucio Costa quis exprimir ao utilizá-la.

Escala é um termo bastante utilizado no jargão dos arquitetos e urbanistas para indicar dimensão, tanto no sentido literal quanto no sentido figurado. Podemos dizer que um projeto foi elaborado em escala 1:20 (ou seja, vinte vezes menor do que o seu tamanho real) assim como podemos falar de um edifício que se adéqua à escala humana (uma construção de proporções aprazíveis para a utilização pelo homem).

O plano de Brasília não é apenas um desenho, é uma concepção de cidade, traduzida, nas palavras de seu criador, por quadro escalas distintas: a monumental, a residencial, a gregária e a bucólica.

A escala monumental está configurada pelo Eixo Monumental, desde a Praça dos Três Poderes até a Praça do Buriti. A escala residencial, que simboliza a nova maneira de viver, própria de Brasília, está representada pelas superquadras das Asas Sul e Norte. A gregária (ou de convívio) situa-se na Plataforma Rodoviária e nos setores de diversões, comerciais, bancários, hoteleiros, médico-hospitalares, de autarquias e de rádio e televisão Norte e Sul. A bucólica, por sua vez, confere a Brasília o caráter de cidade-parque é constituída por todas as áreas livres destinadas à preservação paisagística e ao lazer.

O Eixo Monumental congrega os edifícios que abrigam a alma político-administrativa do país e do governo local. Lá encontra-se o supra-sumo da expressão arquitetônica moderna brasileira, que obedece a um conceito ideal de pureza plástica, onde a intenção de elegância – firme e despojada – está sempre presente. É o ‘cartão de visitas’ da Cidade e configura, por isso, a escala monumental.

Brasília – Eixo Monumental e Esplanada dos Ministérios – foto beatriz brasil

A superquadra, tradução da escala residencial e talvez uma das mais inovadoras e acertadas contribuições atuais para a habitação multifamiliar, representa novo conceito de morar. Estruturalmente, no dizer do próprio Lucio Costa “é um conjunto de edifícios residenciais sobre pilotis (que têm em Brasília, pela primeira vez, presença urbana contínua) ligados entre si pelo fato de terem acesso comum e de ocuparem uma área delimitada – no caso um quadrado de 280 x 280 metros envolto por renques de árvores de copas densas – e com uma população de 2.500 a 3.000 pessoas. O chão é público – os moradores pertencem à quadra, mas a quadra não lhes pertence – e é esta a grande diferença entre superquadra e condomínio. Não há cercas nem guardas e, no entanto, a liberdade de ir e vir não constrange nem inibe o morador de usufruir de seu território, e a visibilidade contínua assegurada pelos pilotis contribui para a segurança”. Na inovadora proposta residencial estão incluídos os comércios locais e s entrequadras, que comportam as atividades de ensino, esporte, recreação e cultura de vizinhança.

A escala gregária, como já foi dito, está representada por todos os setores de convergência da população (setores comercial, bancário, de diversões e de cultura, hoteleiro, médico-hospitalar, de rádio e TV etc.) e tem como foco central a Plataforma Rodoviária, traço de união da metrópole com as demais cidades do Distrito Federal e do entorno.

A escala bucólica permeia as outras três, pois é representada pelos gramados, pelas praças,pelas extensas áreas arborizadas, pelos jardins, pelos espaços de lazer, pela orla do Lago Paranoá, por todos os espaços, enfim, destinados ao deleite, ao descanso e ao devaneio, que dão o caráter de cidade-parque a Brasília e são responsáveis pelos altos índices de qualidade de vida da Capital. Por tal motivo, sua preservação é tão importante quanto a dos monumentos e das demais edificações.

Brasília Revisitada

Depoimento de Lucio Costa, na obra “Lucio Costa, Registro de uma Vivência”

“O Plano Piloto de Brasília não se propôs visões prospectivas de esperanto tecnológico, tampouco resultou de promiscuidade urbanística ou de elaborada e falsa “espontaneidade”. Brasília é a expressão de um determinado conceito urbanístico, tem filiação certa, não é uma cidade bastarda. O seu “facies” é de uma cidade inventada que se assumiu na sua singularidade.

Em 1987 apresentei ao Secretário de Obras Carlos Magalhães e ao Governador José Aparecido de Oliveira um conjunto de recomendações relativas à complementação, preservação, adensamento e expansão urbana de Brasília – “Brasília Revisitada” -, documento que teve origem no trabalho “Brasília 57 – 85”.

Em lugar do texto apresentado, prefiro transcrever aqui parte de um documento escrito em janeiro de 1990, quando Brasília foi tombada, e que resume meu pensamento a respeito da preservação do Plano Piloto:

O mundo está cheio de cidades apenas vivas, que não interessam à Humanidade preservar. Mas no caso raro dessas cidades eleitas há sempre particularidades que precisam manter-se imunes a inovações e modismos, do contrário o que é válido nelas se esvai.

Do estrito e fundamental ponto de vista da composição urbana chegou o momento de definir e de delimitar a futura “volumetria” espacial da cidade, ou seja, a relação entre o verde das áreas a serem mantidas “in natura” (ou cultivadas como campos, arvoredos e bosques) e o branco das áreas a serem edificadas. Chegou o momento, digo mal – o último momento, diria melhor – de ainda ser possível avivar esse confronto e de assim preservar, para sempre, a feição original de Brasília como cidade-parque, o “facies” diferenciador da capital em relação às demais cidades brasileiras.

Por todos os motivos, só mesmo o tombamento será capaz de assegurar às gerações futuras a oportunidade e o direito de conhecer Brasília tal como foi concebida.

Para mim, como urbanista da cidade, importa principalmente o seguinte:

Respeitas as quatro escalas que presidiram a própria concepção da cidade: a simbólica e coletiva, ou Monumental; a doméstica, ou Residencial; a de convívio, ou Gregária; e a de lazer, ou Bucólica, através da manutenção dos gabaritos e taxas de ocupação que as definem.

Respeitar e manter a sua estrutura urbana, que é original, a partir da qual se estabelece a relação entre as quatro escalas.

Respeitar e manter as características originais dos dois eixos e do seu cruzamento, ou seja:

manter o caráter rodoviário inerente à pista central do eixo rodoviário-residencial;

manter non-aedificandi e livre o espaço interno gramado do eixo monumental, da Praça dos Três Poderes até a Torre;

manter a Plataforma Rodoviária como traço de união e ponto de convergência já consolidado do complexo urbano composto pela cidade político-administrativa e pelos improvisados assentamentos satélites;

manter o gabarito deliberadamente baixo do centro do comércio e diversões, sendo as fachadas dos dois conjuntos voltadas para a esplanada recobertas de fora-a-fora por painéis luminosos de propaganda comercial;

preservar e cuidar das pequenas Praças de Pedestres fronteiras ao Teatro e ao Touring, com as fontes, bancos e plantas sempre funcionando e em perfeito estado, tal como o grande conjunto de fontes ao pé da Torre.

Preservar o Eixo Monumental, da Praça dos Três Poderes à Praça Municipal (hoje Praça do Buriti). A Praça dos Três Poderes, complementada pela presença dos Ministérios do Exterior e da Justiça na cabeceira da Esplanada, se constitui, desde o nascedouro, uma serena e digna integração arquitetônico-urbanística, agora enriquecida pela presença dinâmica do Pantheon.

Manter o conceito de superquadra como espaço residencial aberto ao público, em contraposição ao de condomínio fechado; a manutenção da entrada única; do enquadramento arborizado; do gabarito uniforme de seis pavimentos sobre pilotis livres, com os blocos soltos no chão.

Manter a hierarquização do tráfego nas áreas de vizinhança graças à descontinuidade nas vias de acesso às quadras.

Preservar o grande parque público projetado por Burle Marx.

Resgatar e complementar os quarteirões centrais da cidade – o seu “core” – de acordo com as recomendações contidas em “Brasília Revisitada”.

Trata-se, em suma, de respeitar Brasília. De complementar com sensibilidade e lucidez o que ainda lhe falta, preservando o que de válido sobreviveu.

A cidade que primeiro viveu dentro da minha cabeça, se soltou, já não me pertence, pertence ao Brasil

o ARQUITETANDO teve início em 2006 por meio do aplicativo Windows Live e seu principal objetivo na época, era o de reunir num determinado espaço virtual todo o conhecimento adquirido ao longo do curso de arquitetura e urbanismo – um arquivo.
inicialmente tímido, o espaço foi se ampliando devido aos infinitos temas interligados ao estudo da arquitetura e do urbanismo: história, história da arte, história do urbanismo e da arquitetura. Por meio da disponibilização de textos, pesquisas e imagens, o blog foi se tornando referência em pesquisas feitas por estudantes do curso e por pessoas interessadas na área.
o blog originalmente criado atingiu cerca de mil acessos semanais e tornou-se referência para alguns estudantes do curso, para pessoas interessadas em cinema, fotografia, literatura e demais áreas ligadas às artes.
em 2009 a Revista DARCO MAGAZINE de Portugal propôs ao ARQUITETANDO uma ‘parceria’ na utilização de seu conteúdo, disponibilizando em seu site os links dos assuntos contidos no blog.
a idéia de reunir num blog os temas que fazem parte do aprendizado da arte de arquitetar, vem auxiliando cada vez mais pessoas interessadas na complexidade e riqueza do curso de Arquitetura e Urbanismo e em todas as suas nuances.
Sempre sem fins lucrativos, apenas pelo simples prazer de dividir e de mostrar que arquitetura é muito mais do que se imagina agora iniciaremos uma nova fase no WordPress tentando manter a qualidade e a aparência referência do ARQUITETANDO.
bem-vindos aos novos e aos antigos amigosdoarquitetando!
beatriz brasil
arquiteta urbanista


 
falando de Picasso

As releituras      Baseando-se num único modelo de história da arte, Picasso realizou longas séries de releituras de quadros de outros pintores. Entre dezembro de 1954 e fevereiro de 1955, nasceram quinze pinturas a óleo, entre as quais as ‘Mulheres de Argel’ (1832) de Delacroix foram agrupadas e retrabalhadas sob uma forma nova. Picasso circunscreveu o exotismo cru do Oriente com cores vivas e de ricos contrastes, combinando sutilmente os meios de representação ilusionistas e abstratos. Durante os anos seguintes, produziu mais de cento e cinqüenta esboços e desenhos sobre ‘As Meninas’ de Velázques e vinte e sete quadros inspirados em ‘Almoço na Relva’ de Manet (entre 1959 e 1962). As séries de releituras, terminou com vários grandes quadros que variaram e reformaram ‘O Rapto de Sabina’.

 

‘Mulheres da Argélia’ – Eugene Delacoix, 1834. Museu do Louvre, Paris.

‘As Mulheres da Argélia’ – Pablo Picasso, 1955. Coleção particular. Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

 ‘As Mulheres da Argélia’ – Pablo Picasso, 1955. Coleção particular. Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

 

‘Almoço na Relva’ – Edouard Manet, 1863. Museu d’Orsay, Paris.  Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

‘Almoço na Relva’. Pablo Picasso, 1961. Coleção particular. Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

‘Almoço na Relva’. Pablo Picasso, 1960. Museu Picasso, Paris. Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

   

‘O Rapto das Sabinas’. Nicolas Poussin, 1637-1638. Museu do Louvre, Paris.

‘O Rapto de Sabina’. Pablo Picasso, 1962. Museu Nacional de Arte Moderna, Centre Georges Pompidou, Paris. Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

‘O Rapto de Sabina’. Pablo Picasso, 1963. Museum of Fines Arts, Boston. Fonte: Livro Picasso. Editora Taschen, 2006.

A série de cinqüenta e oito pinturas a óleo e de formatos muitos diversos, todas elas fazendo referência ao célebre quadro ‘As Meninas’ (1656-1657) de autoria do pintor da corte espanhola Diego Velázquez, cujo título se refere às duas damas de honra que fazem parte do grupo de personagens, apresenta o motivo central da obra de Picasso: “o pintor e o seu modelo”.

Poucas obras existem em que as condições históricas e sociais da atividade criadora tenham sido representadas de maneira tão magistral. O quadro de Velázquez nos mostra uma grande sala sombria apenas iluminada por algumas janelas laterais. Trata-se do estúdio do artista. Dez personagens, agrupadas na metade inferior do quadro, parecem perdidas na imensidão da tela. São: uma princesa espanhola, duas damas de companhia, dois anões e um cão tranquilamente deitado, o próprio pintor, dois cortesãos e um camareiro. Apesar das diferenças de pose e de posição das personagens, observa-se que o olhar delas está fixo num único e mesmo ponto. Estão concentrados num ‘cara-a-cara’. O objeto da atenção delas nos é mostrado no espelho pendurado no fundo da sala e que reflete, os rostos do casal real. A realidade da vida do pintor da corte que foi Velázquez é, pois, formulada com uma grande clareza, mas também com muita sutileza. A vida da corte era regida por uma etiqueta rigorosa que exprimia a hierarquia, o que a composição exprime pelos seus meios próprios: nesta cena, o artista é uma figura magistral.

"As Meninas’.  Velázquez, 1656. Museu do Prado, Madri. 

 

‘As Meninas’. Pablo Picasso, 1957. Museu Picasso, Barcelona. 

‘Les Ménines d’après Velázquez’. Pablo Picasso, 1957. Museu Picasso Barcelona.

Como o próprio Picasso declarou, Velázquez surge como o “verdadeiro pintor da realidade”. Desde sempre, tratava-se de dar a esta realidade uma nova forma. Ao contrário da série de releituras sobre as ‘Mulheres de Argel’ de Delacroix, a grande composição de conjunto abre a série. Enquanto exposição do tema, ela apresenta-se como um programa: o artista mudou o formato, re-valorizou fundamentalmente a personagem e a posição do pintor no quadro. Na versão que Picasso dá ao quadro ‘As Meninas’, tudo é mais evidente. As figuras são unicamente apresentadas de frente ou de perfil. É o triunfo de uma vontade única: a de Picasso. O artista é mestre do seu mundo, ele está habilitado a operar nele como entender. A instância concorrente, até mesmo pesada, do poderio real, deixou de ter lugar.  

  Picasso e os grandes Mestres

outras releituras
 
As imagens abaixo foram retiradas do álbum da exposição: Picasso et les Maîtres, Musée Picasso, Paris, 2008.
 
 
"Nu couché’. Pablo Picasso, 1969. Coleção particular.
 
 
‘Odalisque en grisaille’. Jean-Auguste-Dominique Ingres, 1824-1834. The Metropolitan Museum of Art, New York.
 
 
‘Les Demoiselles des bords de la Siene d’après Courbet’. Pablo Picasso, 1950. Kunstmuseum.
 
 
 
‘Les Demoiselles des bords de la Siene’. Gustave Courbet, 1857. Musée du Petit Palais, Paris.
 
 
‘Portrait de Lee Miller en Arlésienne’. Pablo Picasso, 1937. Musée Réattu, Arles, França.
‘L’arlésienne (Madame Ginoux). Vincent van Gogh, 1888. Musée d’Orsay, Paris.
 

‘Grande baigneuse’. Pablo Picasso, 1921. Musée d l’Orangerie, Paris.

 

‘Baigneuse assise dans un paysage’. Auguste Renoir, 1895-1900. Museu Picasso, Paris.


CAMILLO SITTE

 

Arquiteto vienense – diretor da Escola Imperial e Real de Artes; estudou arqueologia medieval e renascentista/era filho de arquiteto; pioneiro do urbanismo culturalista = ponto de vista da qualidade de vida no desenho da cidade; escreveu um livro no final do séc. XIX = critica a cidade industrial, o urbanismo que estava sendo feito, sendo implantado desde Haussmann (urbanismo técnico); é considerado o primeiro “esteta” = pensador que olha para a cidade do passado sob o ponto de vista estético; tem fascínio pela cidade medieval, por como as pessoas se relacionavam,as feiras, os bairros (a relação cidade X pessoas) = na sua visão, esta relação foi perdida na cidade industrial = a dimensão da cidade não comporta os hábitos de convivência; faz crítica às intervenções de Haussmann = onde não existe preocupação com o antigo, com a preservação (isso ocorre 40 anos após Haussmann).

 

Urbanização da expansão da Ringstrasse (Viena)

Área além da muralha – Governo implanta expansão nesta área =  a idéia é fazer intervenções nos moldes de Haussmann (Paris) = SITTE escreve livro como protesto; Sitte procura qualidade de vida; é contra demolição dos antigos núcleos, dos espaços simbólicos = procura qualidade de vida = é contra espaços diferenciados (a história dá exemplo do que era a boa cidade) = repulsa ao industrialismo.

 

Em 1889, Sitte escreve o livro “A construção das cidades segundo seus princípios artísticos”, onde analisa os espaços das cidades medievais e antigas = um elemento sempre se repete – a praça. Estuda os padrões morfológicos do espaço urbano – é contra as cidades modernas, falta de princípios estéticos, desprovidas de espaços; estuda praças da antiguidade e destaca elementos morfológicos que se repetem = faz análise dos espaços da praça; cena urbana = criar um cenário urbano, componente teatral dos espaços simbólicos; “agorafobia” = as pessoas deixam de usar o espaço da praça por causa do seu tamanha; falta de conforto, de aconchego; espacialidade; espaço público = praça = símbolo da expressão do ideal de comunidade = lugar público; praças antigas – ágora grega; resgata a beleza da cidade = Renascimento – a visão da cidade quebrou o espaço enquanto espaço simbólico = semente do que seria o urbanismo moderno; a técnica se sobrepôs à qualidade dos espaços; busca padrões já existentes; seu livro = baseia-se no conceito de simetria de Vitrúvio/o mais importante nas cidades é a simetria no sentido de harmonia = proporções que se repetem; observou os espaços = espaço urbano da praça = qualidade estética dos espaços; seus princípios artísticos: relação adequada entre as construções, centro livre, efeito côncavo, coesão das praças, dimensionamento e forma das praças, irregularidade das praças, o conjunto das praças.


EXPOSIÇÕES INDUSTRIAIS OU UNIVERSAIS

 

As Exposições Industriais ou Universais, surgiram após a Revolução Industrial com o intuito de divulgar os produtos industrializados produzidos na época, visando  que a população os aceitasse melhor e percebece que poderiam ser utilizados na construção da mesma forma como eram usados os materiais tradicionais. Foi uma forma de convencer o cliente; qualquer país podia montar um estande para divulgar seus produtos, suas tecnologias. Este período, introduziu uma nova linguagem na arquitetura e o marco foi 1851, quando ocorreu a primeira exposição na Inglaterra – nela foi construído o Palácio de Cristal (a Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar); constroem um grande pavilhão todo em ferro que constitui um edifício de fácil construção que podia ser desmontado posteriormente; consultaram Joseph Paxton, especialista em construção de estufas. Paxton projeta o Palácio onde foi feita a primeira exposição. Esta construção influenciou a arquitetura industrial. O palácio era todo construído em ferro fundido, de forma estrutural.

 

Palácio de Cristal (Joseph Paxton): esta construção consomiu 1/3 do ferro produzido na Inglaterra na época; o projeto reproduziu o gótico (elementos do gótico), sempre com a mesma modulação; a planta era simétrica; foi construído em 17 semanas e utilizou 1/3 da produção de vidro anual da Inglaterra; inaugurou o sistema de construções pré-fabricadas; tinha leveza por meio dos pilares feitos de ferro, mais finos do que seriam numa construção convencional em função do material usado (tecnologia); ocorre o desenvolvimento da treliça (desenho das estruturas em ferro).

A partir das Exposições Universais, surge uma nova linguagem arquitetônica e de uso de materiais; grandes estruturas são feitas; ocorrem ocupações de grandes áreas para estas construções; a linguagem é associada ao neoclássico, os elementos greco-romanos são usados de forma decorativa.

 

Exposições de 1887: construção da Torre Eiffel (Gustave Eiffel); construída no Parque da exposição universal de 1889.

 

 

 

A LINGUAGEM DO FERRO    Esta linguagem começa a ser desenvolvida nas pontes e é um sistema construtivo que permanece até a modernidade; utiliza sistema trilíptico e arco; chega ao séc. XIX usando os mesmos sistemas, apenas utilizando materiais como novos como o ferro.

O ferro é utilizado também nas coberturas: galerias – Passagem do Cairo – 1799 (ligavam as fachadas, cobrindo as ruas formando as ruas formando galerias – surgimento de comércio de rua), Passagem Panorama – 1800 (Paris), Passagem Miré – Princês, Galerie Vivienne – 1823, Galeria Viltorio Emanuele (Milão). Em bibliotecas: Biblioteca de Saint Geneviève – 1836, projeto de Henri Labruste – desenvolvem estrutura de pilares de ferro sobre base de alvenaria para aumentar o pé direito; mistura nas paredes laterais estrutura de arco neoclássico ao ferro; preocupação em decorar; fachada em pedra neoclássica, marcada. Biblioteca Nacional – 1855, projeto de Henri Labruste – cria uma série de cúpulas com iluminação zenital, formadas com estrutura de ferro e vidro; preocupação com a decoração; pilares de ferro com base de tijolos; uso de elementos clássicos.


IMPÉRIO ROMANO

Cidade capital: origem na civilização etrusca (romanos) = localiza-se em território italiano (mais terras, mais poder). Arte urbana: criação de novos assentamentos: estrutura social se baseia no imperador; monarquia (753 a 510 ªC); república (509 a 27 aC); império (apogeu da civilização romana – 27aC a 300dC). Fundam a cidade capital (Roma): tem que demonstrar o poderio/espaços são hierarquizados; cidade começa a se configurar/usam o desenho da cidade para demonstrar a hierarquia (esplanada = poder); moldam o desenho da cidade, constroem templos, o Fórum (equipamentos administrativos), = cada imperador criava  seu próprio Fórum (Senado, Câmara, trono) = espaço da cidade = cidade grega; a cidade  representa o poder absoluto;  vários espaços são importantes, marcam o desenho da cidade (com obras arquitetônicas) – cidade mais importante (Capital). Regulamentação urbana: criam regras, leis, obrigações são estabelecidas na civilização romana; Vitrúvio (arquiteto) = escreve Tratado de arquitetura e urbanismo = obra mais completa da antiguidade; mostra as posturas para se construir, para se fundar uma cidade (baseia-se muito nos gregos); propõe estudos detalhados sobre edificações; institui ritual para fundação de uma cidade; o urbanismo fica mais elaborado = assentamentos militares; usam dois eixos para traçado urbano = Cardo e Decumanus (romanos apropriam-se do traçado quadriculado – o 1º foi Hipódamo de Mileto).

 

Características da arquitetura romana: é monumental; arco de berço; desenvolvem estrutura em arco/funciona em compressão/permite construir em altura/arquitetura monumental; a estrutura em arco aparece em galerias, esgoto, basílicas, aquedutos; usavam para compor as paredes = betão; arcos em compressão (somente) = construíam das bordas para o centro;  as ruas: constituídas de séries de colunas, cidades são calçadas (leito da rua e leito da calçada = com desnível), as fachadas tinham afastamento da rua, criaram sistema de canalização sob as ruas; Basílica: funcionava como Senado/tinha funções jurídicas (não é igreja), é edifício administrativo, tinha formato retangular, salão livre (dois corredores, com uma nave principal, um nartex na entrada principal, possuía um espaço circular (tipo altar) que funcionava como local do júri, a entrada era pela lateral. O edifício ficava de forma lateral virado para o Fórum.

Imagem: estrutura em arco permitindo grandes alturas, sistema construtivo permite tal construção: alta e larga, grandes vãos. Corte de uma basílica: bastante decorada, duas basílicas laterais, interior pintado. Templo: todo templo romano tem uma escadaria na entrada principal (é aberto a todos); entrada principal é pela frente/pódio + escadarias principais; utilizam o sistema grego (trilíptico), as ordens gregas, porém usam outros materiais de construção como o betão e as ordens são usadas como forma decorativa e não estrutural; Imagem: Templo na França (Nímes) = projeto de Norman Foster reproduz o templo com estrutura em metal; Pantheon (templo): mistura sistema de arcos com trilíptico; mesma circunferência da cúpula é o da altura; era todo revestido em mármore; utiização do arco na planta; sistema de paredes duplas/bem largas embaixo e mais finas no topo; para reduzir o peso a cúpula é apoiada num quadrado; nichos na cúpula (interna) que diminuem o peso. Habitações: Domus: casa particular/maior poder aquisitivo; noção de passeio (calçada) com rua mais baixa; galerias; rua com comércio, atrás insulae (= prédio com até 5 ou 6 andares), térreo lojas e galerias que cortam todo o edifício, demais andares, residência. Termas públicas: local de banhos, balneário, pátio interno (preparação física), sistema em arco com trilíptico/colunas utilizadas de forma aleatória; Mercado = stoa: mercado de Trajano (Roma); construção em arcos, tijolo e betão; Teatro de arena: Coliseu (Roma); formato elíptico; cada andar tem uma ordem na decoração; Teatro: função pública, formato em semicircunferência ou circunferência inteira; não aproveitam declive; arquibancadas são construídas; estrutura atrás do palco é fechada; paredes fecham o semicírculo; é um edifício;  Circus Maximus: Hipódamo; serviam para corridas de bigas; pista oval com arquibancadas nas laterais; Portas romanas: marcam as entradas da cidade; Colunas: Coluna de Trajano.

 

Cidade de Constantinopla: cidade imperial romana no oriente: fundação se dá em função do enfraquecimento de Roma; ‘montam’ uma nova Capital no oriente = demonstração de seu poder; Roma está sendo muito invadida; conseguem reerguer o Império; a cidade era uma colônia grega, que chamava-se Bizâncio = arquitetura bizantina (influência do oriente); é diferente de Roma; é rebuscada; está situada em lugar estratégico, rotas de comércio, é a porta do oriente (fazia fronteira com a Grécia, Rússia, etc) = cidade mais importante do oriente (no período romano e na idade média) até séc. XV (neste período é retomada pelos orientais), hoje é Stambul; liberação do culto cristão pelos Romanos; surgimento da arte paleocristã/manifestações artísticas religiosas; arte bizantina. A transformação de Constantinopla pelos romanos: transformam a ágora em fórum romano; criam muralha de Teodósio; demolem a Acrópole (perde o sentido); dividem a cidade em 14 regiões; estruturam a cidade em bairros; estruturam todo o sistema viário; compõem o desenho da cidade , interligando quatro praças; instalam edifícios romanos pela cidade; incentivam a vinda de população romana; transferem esculturas, recriam a paisagem de Roma; a basílica cristã se torna o edifício  mais importante; atinge no séc. XIV aproximadamente 1 milhão de habitantes; Teodósio também faz intervenções e Justiniano, para gravar seu nome e seu poder; é o marco da arquitetura bizantina = igreja monumental (Santa Sofia) é extremamente decorada, mosaicos, tem planta centralizada, o altar fica no centro do edifício, o domus se desenvolve no vão central (cruz grega).


Athos Bulcão, o artista

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Movimento Historicista

 

O Movimento Historicista visava a reforma global nas artes, buscando uma linguagem única na arquitetura, pintura e escultura. O Movimento baseava-se em valores antigos, no movimento romântico, buscando um ideal. Seus integrantes inspiraram-se na comunidade medieval, onde os artesãos eram conhecidos e conviviam entre si. Para o grupo de integrava o Movimento, a Revolução Industrial transformou o espaço da cidade de forma negativa, valorizando mais os operários das fábricas dos que os antigos artesãos.

 

Seu surgimento se dá na Inglaterra em 1840 e o Movimento perdura até 1920.  Elegendo o período Gótico como tema para suas criações, os historicistas tentam fazer um retorno a linguagem usada, tentando recuperá-la. A produção feita por eles é denominada de neogótico ou rival gótico. Nos projetos eram definidos o programa de necessidades e depois desenvolvido o projeto arquitetônico. Esses projetos podem ser lidos através da fachada, o que coloca em segundo plano a forma. Consiste numa adaptação do gótico para o horizontal.

 

William Morris é seu principal representante e lança o Movimento Arts and Crafts. Fez projetos em conjunto com Philip Webb que envolveram tanto arquitetura quanto decoração. Morris é contra a industrialização, é idealista. Ao fundar o Movimento ARTS AND CRAFTS, passou a defender a questão do artesanato.

Sua obra de maior destaque é a Red House. Neste projeto a leitura da planta é feita através da fachada. Sua planta é funcional, tem programa de necessidades e volumetria. Além desses aspectos, todos os elementos internos foram concebidos em estilo neogótico – vitrais, arcos ogivais e móveis. Foram também idealizados por Morris, tecidos e papéis de parede para a residência.

 

 

 

Os antecessores de William Morris

 

Viollet-le-Duc (1814 – 1879) – França: divulgou o revival gótico na França (somente a linguagem): não tinha preocupação com questões sociais, trabalhistas, etc; defendeu o uso do ferro, do vidro, o uso de máquinas valorizando a linguagem gótica; escreveu dicionário de arquitetura; desenvolveu vários edifícios; defendeu arquitetura racionalista; não estava preocupado com decoração mas queria adotar uma nova linguagem arquitetônica, limpar as fachadas.

 

John Ruskin (1819 – 1900): teve influência direta sobre William Morris; escreveu “As sete lâmpadas da arquitetura” onde descreveu a relação da arquitetura com o ornamento, com a decoração; sua arquitetura era extremamente decorada com trabalhos artesanais; neste período, os arquitetos começaram a defender a funcionalidade através do programa de necessidades.

 

Augustus Pugin: foi um dos primeiros a utilizar o estilo neogótico; defendeu o gótico em todos os aspectos – contraste entre as técnicas já existentes e as medievais; iniciou a preocupação com a decoração interna do edifício, sempre pensando na questão do artesão. Seus projetos: Hospedaria de St. John, onde utilizou linguagem e técnicas tradicionais (pedra, madeira, aberturas condizentes com o material utilizado); reforma do Parlamento inglês – torres, pontaletes, desenho das esquadrias/programa horizontal X verticalidade do gótico.

 

Thomas Carlyle: criticou Pugin; foi um dos teóricos mais importantes para a classe operária; criticou a indústria e reforçou as idéias dos historicistas.

 



Notre Dame de Paris

 

 

video Beatriz Brasil, 2008

A Catedral gótica Notre-Dame é uma obra-prima construída num período de quase 150 anos e cujo significado religioso, arquitetônico e político excedia largamente os limites de Paris. O lançamento da primeira pedra no ano de 1163, que contou com a presença do Papa Alexandre III, teve lugar no período gótico na França. As catedrais de Saint-Denis e Chartres eram exemplo tão bons quanto próximos. Contudo, o ambicioso projeto de Paris estava ainda associado ao interesse do novo bispo em funções, Maurice de Sully, e de Luís VII: transformar a cidade no novo centro teológico e político do reino. No lado oeste da Île de la Cité, densamente povoado, foram demolidas em grande escala casas, assim como outras construções, a fim de proporcionar terreno para uma catedral de grandes dimensões. Doações do rei, clero e da nobreza, assim como um enorme esforço de mão-de-obra por parte do povo, possibilitaram a edificação da catedral que, em 1330, após algumas obras de remodelação, foi concluída.

Notre Dame de Paris, foto beatriz brasil, 2008



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